Nordestinos
Meus medeiros, recebi de N.Yorky, da Virgínia, amiga da Naila, uma lista enorme de expressões nordestinas. Respondi contando uma história. Eis com beijos para todos vocês.
Virgínia, do seu e-mail, o que mais gostei foram: "Um Cabra Pai D'Dégua" e "Oxente, Oxente, Oxente". Em 1943, minha mãe alugou lá no Rio, um casarão feito pelos escravos na época do império. Hoje, não existe mais. Esta relíquia ficava na rua Vilela Tavares, 374 - Lins Vasconcelos. Eu nem sonhava em conhecer a minha Jahyra. Pois bem, em volta do prédio era uma chácara enorme com muitos barracos. Minha mãe alugava para nortistas. Era tanta gente que tinhamos o Livro de Registro da Polícia no Méier. Eu fazia a escrita. O interessante que eles falavam de acordo com o estado. Por exemplo, alagoano, pernambucano, sergipano e outros, usavam vocabulários diferentes, porém, na hora de comer, era o mesmo costume. Quase não usavam talheres. No prato a comida era misturada com os dedos: arroz, feijão e farinha. Faziam pequenas bolotas e colocavam na boca. De manhã cedo, o café era diferente do nosso. Todos eram meus amigos e de vez em qdo. um me convidava para o quebra jejum: Um canecão cheio de café com leite, carne de sol misturada com farinha, no prato. Como eu não sabia comer com os dedos, era-me oferecido uma colher. Em resumo, na hora do almoço eu nem tinha fome. Estava super alimentado. Uma esposa quando. falava asperamente ao marido, ele respondia: "QUE ISSU HÔME!!!". E ela confirmava: "OXENTE, OCÊ É UM CABRA DA PESTE!!". Eu delirava ao assistir as briguinhas de amor. Ao vir para Juiz de Fora, em 1948, afim de estudar, vários abraçaram-me com lágrimas nos olhos. A ferradura do casarão enferrujou e fui obrigado a substituir, igual, seria impossível. Para você ter uma idéia, escaneei a chave, minha mão, serve de escala: A mesma mede 14 cm. de comprimento e pesa 170 gramas. Igual, temos várias nas vitrines do Museu Mariano Procópio, em exposicão. Abraços do w@ldem@r.